Auxílio Brasil foi criado em dezembro de 2021, por meio de lei que extinguiu o Bolsa Família — Foto: Divulgação via BBC
O Ministério da Cidadania informou que, até 1º de novembro, uma em cada seis famílias beneficiárias do Auxílio Brasil solicitou o empréstimo consignado – com desconto direto na fonte – disponibilizado pelo governo federal no início de outubro.
A informação consta de resposta concedida pelo Ministério da Cidadania após solicitação feita via Lei de Acesso à Informação.
De acordo com a pasta, foram realizados 3.484.354 empréstimos até o início do mês de novembro, número que corresponde a cerca de 16,5% do total de beneficiários.
O percentual varia de estado para estado: o Rio Grande do Norte foi a unidade onde a taxa foi maior: 23,25% das famílias beneficiárias no estado recorreram ao crédito consignado.
Em seguida vêm Rio Grande do Sul (21,56%), Sergipe (19,1%), Paraná (18,64%) e Paraíba (18,38%).
No outro extremo – entre os estados que registraram menores índices – está Roraima (10,9%), seguida por Rondônia (13,5%), Maranhão (13,62%) e Mato Grosso (13,79%).
Valor médio do consignado
Em termos de valor do crédito obtido, o empréstimo médio no país foi de R$ 2.718,24, ou seja, cerca de quatro vezes mais que o valor mensal do benefício, que atualmente é de R$ 600.
O estado com maior valor médio do empréstimo consignado foi Amazonas (R$ 2.891,49). A unidade com menor valor médio foi Goiás (R$ 2.628,30).
Ao todo, até 1º de novembro, foram emprestados R$ 9,47 bilhões, com São Paulo e Bahia superando a marca de R$ 1 bilhão.
Segundo o Ministério da Cidadania, R$ 7,64 bilhões (80% do total) foram feitos via Caixa Econômica.
Alerta de especialistas
No empréstimo consignado, o desconto é direto na fonte. Em razão de as parcelas serem descontadas na folha de pagamentos, os bancos têm a garantia de que as prestações serão pagas em dia.
O empréstimo consignado é criticado por especialistas, que apontam para o risco de endividamento ainda maior da população mais vulnerável.
Os especialistas alegam que a medida pode ser danosa à população, porque os recursos do programa de transferência de renda costumam ser utilizados para gastos básicos de sobrevivência.
Com o empréstimo, no entanto, o cidadão pode ter até 40% do benefício descontado antes do pagamento.
Fazer um empréstimo consignado ligado ao Auxílio Brasil pode valer a pena para quem tem alguma necessidade urgente e inadiável – mas não para pagar as contas do dia a dia, ou para fazer compras desnecessárias.
Isso porque o crédito pode comprometer a renda disponível do beneficiário por um longo prazo. Assim, pode faltar dinheiro por vários meses para fazer gastos essenciais, como alimentação.
Por G1 Bahia