A reforma do ensino médio foi uma das promessas de campanha da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, à época, candidata à reeleição. Pressionado por críticas crescentes de educadores e estudantes, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu suspender a implementação do novo ensino médio enquanto o MEC (Ministério da Educação) conclui uma consulta pública sobre o assunto.
Em uma peça publicitária veiculada naquele ano, Dilma defende a reformulação das grades. "Está mais do que claro que precisamos fazer uma grande reforma do ensino médio, começando pelo currículo", afirma. Ela critica o número excessivo de matérias, 12, e em entrevistas chegou a declarar que, dessa forma, o ensino não era atrativo para o jovem.
Para o ex-ministro da Educação da gestão Michel Temer, Mendonça Filho (União-PE), responsável pela implementação do novo modelo, a suspensão neste momento é sinal de uma "dor de cotovelo" da gestão petista.
"Há naturalmente uma dor de cotovelo muito grande porque o PT prometeu em 2014 a reforma do ensino médio, mas quem teve competência para fazer foi o governo Temer. Tivemos coragem de levar adiante o debate e conseguimos aprovar no Congresso", critica.
Ele reconhece dificuldades na implementação da proposta, sobretudo após o governo de Jair Bolsonaro (PL), mas destaca que o prazo para transição se encerraria somente em 2024, tempo suficiente para corrigir distorções.
"Enfrentamos uma pandemia por dois anos que corroeu e danificou fortemente a educação básica brasileira; o nível médio foi atingindo. Tivemos um período de quatro anos em que a inação e a falta de caminho, de rumo, foram a tônica na pasta e evidentemente que agora ressurge o debate", pontua.
Mendonça sustenta ainda que boa parte das dificuldades do novo ensino médio, na verdade, apenas foram trazidas do modelo antigo e não são exclusivas do Brasil. "Tem dificuldade em estrutura, tem desnível [entre os estados] mas eu pergunto: essa dificuldade não está presente no velho ensino médio? Querem atribuir os defeitos estruturais do ensino ao novo formato", sustenta.
A revogação do modelo, na sua avaliação, seria "uma bandeira da esquerda ideológica e engajada na educação brasileira", e colocaria o Brasil em situação de atraso em relação a outras nações. Ele cita como exemplo que hoje, no Brasil, cerca de 10% dos alunos conseguem fazer um curso técnico concomitante com o ensino médio, enquanto na Europa o percentual ultrapassa 50%.
"Não estamos reinventado a roda, não retiramos a reforma da cartola. Pelo contrário, estamos atrasados pelo menos 50 anos. O PT quer acabar com o ensino médio para botar o quê no lugar? Nada? Para voltar para uma tragédia social?"
Por Bahia Noticias